
A viagem até Londres correu sem sobressaltos, e o mesmo sucedeu com a viagem de Londres para Lisboa.
Fez ontem um ano que regressámos e ainda não vesti nenhuma das "kurtas" que comprámos em Goa. Revejo as fotografias vezes sem conta e as saudades da Índia são uma constante: o coração salta sempre que passo por uma loja com cheiro a incenso ou janto num restaurante indiano. A banda sonora do "Aaj Kal" entrou no meu carro no primeiro dia em que o conduzi depois de regressar e nunca mais de lá saiu.
Encontrei o Phill num jantar de aniversário duas semanas depois de termos regressado e foi estranho sentar-me à mesa com ele sem termos que escolher pratos picantes num menu escrito no inglês mais original possível.
Nos primeiros dias procurava uma vaca perdida na estrada sempre que saía à rua e sentia que o suor continuava a escorrer-me em bica corpo abaixo. Fiz e farei muitas viagens. No entanto, nenhuma será como esta, uma vez que o coração ficou por lá... Nunca regressou a Lisboa.
Resta-me contar-vos um segredo: já não existe tempo ou espaço. Porque é sempre madrugada e eu estou num comboio algures na Índia, encostado à minha mochila, a receber o vento no rosto e a ouvir uma conversa em hindi, com um copo de "chai" na mão.