terça-feira, 22 de dezembro de 2009

10 de Agosto - Jaisalmer (welcome to the desert)

Acordei com o rebuliço de alguns passageiros que estavam a despertar… Olhei para baixo e apercebi-me que a carruagem estava cheia de areia: desde as camas intermédias, passando pelas mais baixas, até ao chão, estava tudo coberto de montes de areia (inclusive as pessoas que ainda dormiam). Segundo o Phill me contou parece que a meio da noite atravessámos algumas tempestades de areia e como havia passageiros que levavam as janelas abertas o deserto instalou-se literalmente no comboio.

Arrumámos as coisas e saímos em Jaisalmer, onde senti pela primeira vez aquilo que as vedetas de cinema devem sentir quando se vêem rodeados de fotógrafos e fãs a pedirem autógrafos: à porta da estação estava uma multidão de guias a tentar cativar-nos a atenção agitando os seus cartões de negócios, inundando-nos com apertos, gritos e apelos!

Puxei pelo braço do único gajo que não tinha cartões nem panfletos na mão e perguntei-lhe se nos podia levar ao hotel, que já tínhamos reservado por telefone na véspera. Disse-nos que sim e que não nos ia impingir nenhum outro hotel ou programa turístico em que tivesse comissão… neste caso, a intuição funcionou bem.

Chegámos ao Hotel por volta das 5h30. Um dos responsáveis estava a dormir na varanda mas não nos ouviu chamar para virem abrir a porta: apenas acordou 10 minutos mais tarde com o ruído de um peido que o próprio mandou!

Fomos encaminhados ao nosso quarto e caímos de imediato na cama. Acordámos por volta das 10 e fomos tomar o pequeno-almoço no terraço do hotel (que tinha uma vista soberba para as muralhas), onde conhecemos o Ali, um rapaz que foi encontrado em pequeno por uns turistas no deserto e que o levaram para o Hotel, onde ficou desde então, segundo nos contou…

De seguida fomos dar uma volta por dentro das muralhas de Jaisalmer, onde pudemos constatar a legitimidade do epíteto de “Cidade Dourada”: é essa a tonalidade das casas, ruas e calçadas, quando banhadas pelo sol. Foi nessas ruas que passámos o resto do dia com algumas compras pelo meio.

Regressámos ao Hotel e fomos jantar, tendo ido dormir de seguida.

(as muralhas de Jaisalmer vistas do terraço do Hotel)

(Jaisalmer)

(Jaisalmer)

(venda de tecidos em Jaisalmer)

(Jaisalmer)

(Jaisalmer)

(uma amiguinha que fizemos na rua)

(e outras amigas maiores... bem menos agressivas que as primas de Jodhpur)

(Templo Jain - Jaisalmer)

(spooky... Jaisalmer)

(Jaisalmer)

(Jaisalmer by night, vista do terraço do Hotel)

(dormimos debaixo disto sem acordarmos mutilados)

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

9 de Agosto - farewell Jodhpur's crazy cows!


Acordei cedíssimo: o calor e as mordidelas dos mosquitos não me deixaram dormir. Para além disso, a meio da noite uma vaca pôs-se a berrar debaixo da janela do nosso quarto (é oficial: há uma incompatibilidade assumida entre mim e as vacas de Jodhpur!)…

Fomos até à estação de comboios para confirmar os números dos nossos lugares e informaram-nos que só nos podiam dizer isso ao fim do dia. Aproveitámos o resto do dia para passear e ver lojas: o inglês que se encontra escrito nas montras é delicioso… podemos encontrar os “priti shoes” ou “do you love mi?”...

Almoçámos e lançámos braços à tarefa hercúlea de fazer as malas. Entre risos, suor e desespero ficou decidido: no more shopping for us! Só de pensar que ainda tínhamos 11 dias para carregar tudo às costas!!!

Ao fim do dia fomos uma vez mais à estação para confirmar o número dos nossos assentos, voltámos, tomámos banho, fizemos o check-out e regressámos à estação, já com armas e bagagens.

Ao entrar no comboio descobrimos que íamos partilhar a carruagem com um maralhal de soldados: Jaisalmer – o nosso destino – fica perto da fronteira com o Paquistão, o que explica a forte presença militar. Para além disso, iriam viajar connosco 4 alemães que não paravam de tagarelar com 2 indianos.

A noite prometia…
(foto retirada da net... neste dia entregámo-nos a lides mais práticas e menos turísticas)

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

8 de Agosto - another day in Jodhpur

Desta vez não nos preocupámos muito com despertar cedo: ainda tínhamos dois dias para queimar em Jodhpur!

Fomos até à estação, onde percebemos que não existem comboios directos de Jaisalmer para Udaipur, pelo que tivemos que alterar os planos, excluindo Bikaner do roteiro.

Já com o bilhete de Udaipur para Mumbai comprado, resolvemos apanhar o “tuc-tuc” para o memorial “Jaswant Tada”, um local impregnado de serenidade e com uma vista soberba sobre a cidade.

Dali caminhámos até ao “Merengharth”, o que se revelou um passeio pitoresco, por entre lagos com lavadeiras e burros a passear à beira da estrada, ao longo do qual pudemos sentir o sol e o vento no topo da montanha.

O palácio parece saído de um postal: é um misto de fortaleza do deserto com um palácio luxuoso, minuciosamente trabalhado, com exposições de berços dos marajás e de palanquins.

Saídos dali fomos até ao hotel onde nos refastelámos com um excelente almoço seguido de uma merecida sesta. Já restabelecidos, fomos até ao multibanco (é relativamente fácil fazer levantamentos ATM na Índia), fizemos mais compras (colchas, lenços, especiarias, chás, artesanato…) e outras duas vacas tentaram marrar-me (nada a fazer: não consegui estabelecer empatia com as vacas desta cidade).

Mais um passeio e seguimos até ao hotel para jantar, ver outro magnífico pôr-do-sol reflectido nas casas em tons de azul e depois dormir.

(entrada para o "Jaswant Tada")

(memorial de todos os que foram cremados no "Jaswant Tada")

(pormenor do "Jaswant Tada")

("Jaswant Tada")

(pormenor do "Jaswant Tada")

("Jaswant Tada")

("Jaswant Tada")

(caminho para o “Merengharth”)

(“Merengharth”)

(Jodhpur vista do “Merengharth”)

(“Merengharth”)

(“Merengharth”)

(“Merengharth”)

(turistas no “Merengharth”... sim, é surpreendente a quantidade de turistas indianos que visitam o próprio património: um exemplo... excepto na parte como interagem com o dito património, LOL!)

(sala do trono - “Merengharth”)

(Jodhpur vista do “Merengharth”)

(exposição de berços dos Marajás - “Merengharth”)

(“Merengharth”)

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

7 de Agosto - Jodhpur (we all have a blue period)

Acordámos cedinho e fomos dar uma volta pela cidade, que se revelou merecedora do seu cognome de “Cidade Azul”: é fantástico passear pelas ruas repletas dessa cor, muitas delas coroadas com lindíssimos “havelis”.

Foi aqui que me deparei pela primeira vez com vacas agressivas: aproximei-me de uma para tirar uma foto com ela e a desgraçada tentou logo dar-me uma marrada. Mais tarde vimos outra (com uns cornos bem maiores) a tentar acertar numa chinesa. Acho que a mensagem da não-violência pugnada por Gandhi ainda não chegou aos ouvidos destas meninas…

Fomos almoçar no terraço da “Cosy Guest House”, que nos proporcionou uma vista belíssima sobre outro panorama da cidade azul. Depois de almoço perdemo-nos pelos bazares: era hora de comprar chás, colchas, lenços, peças de artesanato e especiarias… Um arroubo de loucura que se revelaria mais tarde, quando tivemos que carregar tudo às costas!

Voltámos ao Hotel, onde nos refastelámos com um magnífico repasto (os "Lhassi" de açafrão são de morreeeeeeer!!!), tomámos banho e fomos dormir.

(Torre do Relógio - Jodhpur)

(Jodhpur)

(Jodhpur)

(Jodhpur)

(don't ask...)

(escadaria da "Cosy Guest House" - Jodhpur)

("Cosy Guest House" - Jodhpur)

(Ganesh @ "Cosy Guest House" - Jodhpur)

(pôr-do-sol em Jodhpur)

terça-feira, 10 de novembro de 2009

6 de Agosto - Another day, another train

Acordámos cedo e apanhámos o autocarro para Amber (é sempre uma experiência fascinante andar de autocarro na Índia: a música, os adornos dos veículos, os cheiros, as cores, as pessoas…). Lá chegados pude finalmente concretizar o meu sonho e andar de elefante!!!

Subimos para cima do animal e lá escalámos a rampa que vai dar à fortaleza. Uma vez no interior do complexo passeámos e percorremos todos os recantos, sendo que, a dada altura, nos perdemos: aquilo é enorme, confuso e mal sinalizado. Acabámos por nos meter por dentro de uma galeria cheia de morcegos, onde resolvi ficar para trás e tirar uma foto enquanto o Phill avançava no caminho. Resultado: eles começaram a esvoaçar e a gritar e eu a correr agachado aos berros… bichos nojentos. Confesso que me fizeram alguma impressão. Quando cheguei ao pé do Phill decidimos que os próximos atalhos não poderiam envolver galerias, sítios escuros ou morcegos, LOL!

Terminada a visita fomos tomar algo que eles teimam em chamar de café expresso (blargh…) e visitar uma galeria de arte contemporânea indiana: brutal! Apanhámos o autocarro e regressámos ao hotel para almoçar e durante a refeição conhecemos uma italiana que andava a passear sozinha pela Índia e que nos deu indicações porreiras para Jaisalmer.

De seguida dirigimo-nos para a estação e apanhámos o comboio para Jodhpur – A Cidade Azul – e fizemos uma viagem fora de série: atravessámos uma superfície plana e prateada que dominava todo o horizonte e que viemos a saber tratarem-se de salinas. Também vimos um entardecer no deserto lindíssimo e em tons de ocre (seria um aperitivo para o entardecer no deserto do Thar, uns dias mais tarde) e conheci um puto de 16 anos que me deu uma seca enorme sobre marcas, carros, internet, telemóveis e que acredita piamente que o futuro é a América. Conhecemos ainda duas senhoras que pareciam saídas de um quadro de Gauguin e que revelaram uma enorme falta de noção de privacidade alheia com as perguntas que colocaram, e ainda um brâmane que queria saber tudo sobre a História de Portugal e que acredita que o que mantém a Índia unida é a religião e o sistema de castas…

Chegados a Jodhpur entrámos num riquexó (“Tuc-Tuc”) cujo condutor nos levou a várias hospedarias até nos deixar à porta da nossa: foi preciso o Phill mandar-lhe dois berros! Uma vez no Hotel apercebemo-nos que o espaço era bastante familiar: até ficámos instalados no piso onde residia a família que gere o estabelecimento.

Atirámo-nos para cima da cama e fomos dormir…

(Jardins junto à Fortaleza de Amber - Jaipur)

(foto tirada de cima do elefante!!!)

(chegada à Fortaleza de Amber - Jaipur)

(um dos portões da Fortaleza)

(pavilhão na Fortaleza de Amber - Jaipur)

(trombinhas a caminho da Fortaleza)

(os nojentos)

(parede de um dos pavilhões com incrustações em prata - Fortaleza de Amber)

(parede de um dos pavilhões com incrustações em prata - Fortaleza de Amber)

(pormenor de um painel em cristal na parede de um dos pavilhões)

(jardim interno na Fortaleza)

(pormenor de uma janela da Fortaleza)

(cabrinhas!!!)

(um dos pavilhões do Jardim à entrada da Fortaleza)

(a fazer a sesta...)