terça-feira, 29 de setembro de 2009

Dia 26 de Julho - Praia de Anjuna e Velha Goa

Acordámos bem cedinho para irmos à missa das 7h, celebrada em Concanim (dialecto do Estado de Goa) na Igreja de N. Sr.ª da Conceição. Foi bom saber que ainda se celebra ali missa em Português (nós optámos pela outra por curiosidade e para termos nos despacharmos mais cedo).

Seguiu-se o pequeno-almoço no já habitual “Cantinho do Afonso”, de onde seguimos para a praia de Anjuna. Ao chegarmos à praia fomos abordados de imediato por um hippie já de alguma idade que nos ofereceu droga (produto que nos foi ofertado amiúde durante toda a estadia na Índia!)…
Demos uma volta pela praia (que é lindíssima) e estendemo-nos a apanhar sol depois de um mergulho rápido nas violentas ondas do Índico (o mar na época das monções pode ser muito violento).

À saída da praia fomos abordados por um grupo de vendedoras a quem compramos uma porrada de artesanato e que nos indicaram que havia uma paragem de autocarros para Pangim a 10 minutos de caminhada… 3 horas depois e com os pés todos doridos resolvemos chamar um táxi a partir de um café (pelo menos a caminhada deu para sentir melhor o pulso à região, que tem uma zona rural de uma beleza inquestionável).

Almoçámos em Pangim e apanhámos um autocarro para Velha Goa (um daqueles cheios de luzes e fitinhas, música indiana aos berros e a abarrotar de gente). Aí chegados tivemos o momento sereno do dia: deambular por entre o património que os Portugueses lá deixaram (em excelente estado de conservação) e assistir ao pôr-do-sol por entre as ruínas da Igreja de S. Jerónimo. O passeio por toda a área permite-nos perceber porque é que no Séc. XVI Goa conseguia fazer frente a Lisboa e era reconhecida como a "Roma do Oriente".

Aproveitámos também para visitar o Convento de Santa Mónica, que não pertence ao património protegido e onde, apesar do estado degradado, ainda habitam algumas freiras. Uma das irmãs autorizou-nos a entrar e, uma vez lá dentro, entrámos numa capela enorme onde se via uma irmã a rezar sozinha lá ao fundo, num ambiente de silêncio interrompido apenas por algumas pombas que atravessavam a nave a voar. Não sei porquê, mas foi um dos momentos de serenidade que mais me marcou em toda a viagem…

Regressámos e fomos jantar pela última vez ao “Viva Pangim”, onde tocaram a “Mãe Querida” durante o jantar, entre umas tantas outras pérolas do panorama musical portugês dos anos 90.

De regresso ao quarto, programámos a viagem para Delhi e fomos dormir.


(estrada que liga Pangim a Anjuna)

(a caminho da Praia de Anjuna)

(Praia de Anjuna)

(estrada perto de Anjuna... enquanto procurávamos uma estação de autocarro!)

(Igreja de Santa Catarina, Velha Goa)
(Catedral e Igreja do Convento de São Francisco, Velha Goa)
(Velha Goa)

(Velha Goa)

(ruínas da Igreja de S. Jerónimo)

(Convento de Santa Mónica)

(Catedral de Velha Goa)


(Restaurante "Viva Pangim")

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

25 de Julho - Pangim

Acordámos e fomos tomar o pequeno-almoço ao “Cantinho do Afonso”, cuja dona foi de uma atenção surpreendente ao longo de todo o tempo que permanecemos em Pangim e que se pode orgulhar de gerir um estabelecimento excelente. Após o repasto no terraço (em que o Phill descobriu que o leite que bebeu não provinha todo das vaquinhas… as búfalas que víamos estendidas na lama pelos vistos também tinham alguma utilidade).

Demos umas voltas pela cidade de Pangim, onde se nota de longe a influência portuguesa na arquitectura e nos nomes de lojas e ruas. Visitámos o Instituto Menezes de Bragança, decorado com painéis de azulejos que retratam cenas d’ Os Lusíadas e fiz aí umas compras na Feira do Livro, que estava a decorrer (biografias de Nehru, Indira Gandhi e S. Naidu).

Entrei no meu 1º templo hindu, onde me recomendaram que não tirasse fotos e que andasse sempre no sentido dos ponteiros do relógio. Fomos comprar os bilhetes de avião para Delhi e de seguida fomos ao “Bombay Bazar” perder a cabeça: comprámos kurtas completas (traje típico indiano), lenços e até trouxe um bivaque à Nehru (oferta do gerente, que dizia que eu devia ter genes indianos, LOL!). Carregados de sacos, rumámos ao Hotel Fidalgo, onde lanchámos uns bolos deliciosos no “Aunt Maria” (a combinação entre o Inglês e o Português no nome dos estabelecimentos e ruas traz umas reminiscências coloniais soberbas).

Regressámos ao hotel para deixar as compras e fomos jantar a um restaurante só de peixe onde comi as melhores gambas fritas de sempre, seguidas de um gelado de baunilha para acalmar o ardor do picante.

Por fim, voltámos para arrumar o quarto, tomar banho e dedicar-nos à sessão de lavagem de roupa. Seguiu-se o merecido descanso…
(pormenor do terraço do "Cantinho do Afonso": Ícone de N.Sr.ª envergando um sari)

(o belo do pequeno-almoço)

(capela de S. Sebastião, Pangim)

(edifício de traça colonial, Pangim)

(Igreja de N. Sr.ª da Conceição)

(Pangim)

(placa indicando a Heliodoro Salgado Road...)

(os belos dos tchuc-tchuc, que tantas voltas nos levaram a dar por toda a Índia)

(monumento em homenagem aos mortos de 1961)

(porto de Pangim)

(painés no Instituto Menezes Bragança)

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

24 de Julho - Mandovi Line (Goa's the destiny)

Quando faltam duas horas para o comboio partir arranjamos um táxi pré-pago. Assim que saímos do aeroporto, devidamente munidos do recibo que temos que entregar ao taxista, um senhor aproxima-se de nós e acompanha-nos ao táxi, onde já se encontra o condutor à espera. 1ª Lição: se aceitamos que alguém nos leve onde quer que seja e nos ajude com as malas vamos ter que pagar… e aqueles meninos não se inibem de dizer que a gorjeta é pequena, LOL!

O trânsito: caótico. Mesmo de madrugada as buzinas e o improviso imperam (os carros têm uma placa na traseira a dizer: “Horn Please”).

A democracia indiana: musculada. Chegados à estação deparamo-nos com uma multidão a dormir no chão. Quando entramos de mochila às costas apercebemo-nos que somos os únicos turistas ocidentais que ali estão. A Polícia também se apercebe e começa a bater com os bastões nas pessoas que estão a dormir.
Mais uma vez uma senhora que diz que nos compra os bilhetes (desta vez o Phill toma a dianteira e corre com ela: será algo que se há-de repetir ao longo da viagem… se não fosse ele eu vinha de lá empenhado, LOL!).

Os primeiros minutos a bordo do Mandovi Express são surreais: entrámos numa carruagem só para mulheres (intocáveis), descobrimos que o comboio tem baratas, que, ao contrário do que nos disseram, não somos obrigados a dar dinheiro a todos os “hijras” (basicamente, são travestis) que no-lo exigem, e fizemos amizade com um casal de velhotes que ia para perto de Goa.

O resto da viagem foi indescritível: percebo agora porque é que o Lonely Planet recomenda o trajecto do Mandovi Express como uma das experiências a não perder na Índia. Apesar da viagem até à saída dos subúrbios de Mumbai nos proporcionar um espectáculo de ruínas, barracas e homens a cagar e a mijar à nossa frente (pois… assim, na boa), onde o verde resultante das monções já se adivinhava, é quando se penetra na zona rural que começa o festival para a visão.
(interior da nossa carruagem no Mandovi Express)
(saída da Estação Victoria Terminus - Mumbai)

(arredores de Mumbai)

(zona rural - trajecto Mumbai/ Goa)

(Mangoli - a bebida que ficou a imagem de marca desta viagem: um vício!!!)

(queda de água - linha Mandovi Mumbai/ Goa)

(queda de água - linha Mandovi Mumbai/ Goa)

(Mandovi Express - tudo arrochava... menos eu!)

(casa-de-banho indiana da nossa carruagem - Mandovi Express)

(zuna rural - linha Mandovi Mumbai/ Goa)

(linha Mandovi Mumbai/ Goa)

(agricultor nos campos - linha Mandovi Mumbai/Goa)

(o belo do caranguejo no "Viva Pangim")

(e não podíamos encerrar o dia sem a sobremesa típica goesa: a FENOMENAL Bebinka)

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Aviso à navegação



A partir da semna que vem a postagem ocorrerá de forma mais regular. A demora no "arranque" prende-se com a escolha de fotos a postar.



Grato pela V/ atenção.

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Dia 23 de Julho - The problems of packing light




Acordo todo moído. Ou melhor, nem acordo, uma vez que aquilo que fiz nas cadeiras do aeroporto de Heathrow dificilmente poderá ser chamado de dormir. A associar ao desconforto das cadeiras juntou-se um frio descomunal, que a única camisola que trouxe para esta viagem não conseguiu combater.

Vou à casa-de-banho do aeroporto lavar os dentes e tenho um ataque de pânico: esqueci-me dos comprimidos para a malária!!! Agarramos nas mochilas e vamos fazer o check-in (continuo em pânico com a história dos comprimidos)... O Phill tenta sossegar-me com a possibilidade de procurarmos um médico ou uma farmácia na Índia para comprar os comprimidos, mas tudo isso me parece tão distante e pouco fiável que não há forma de ficar descansado.



Depois de fazermos o check-in e passarmos o controlo de segurança vamos até à área do duty free onde descubro uma farmácia: a salvação ali à minha frente! Após uma boa meia hora a tentar explicar à funcionária qual era a substância principal da medicação que estava a tomar anteriormente (a globalização ainda não chegou aos comprimidos da malária) lá saio com uma caixinha de comprimidos que vou ter que tomar TODOS OS DIAS (a medicação anterior implicava apenas uma toma por semana) e com a carteira bem mais leve: o esquecimento saiu-me do bolso e de que maneira!

Entramos no avião, que vai cheio de indianos, e entregamo-nos a uma viagem de 9 horas: dá para repôr o sono perdido, rir com algumas séries de britcom (de onde sairá o célebre adágio que se tornará recorrente em toda a viagem: "I love you more than anal beeds!"... LOL!) e pôr a conversa em dia.



Chegamos em plena madrugada a Mumbai. Há uma forte presença policial que eu apelidaria de, no mínimo, intimidadora. Recolhemos a bagagem, passamos todos os controlos de segurança e encaminhamo-nos para o corredor que dá acesso à saída do aeroporto. Aí chegados assistimos a uma berraria dos operadores de câmbio que nos tentam convencer a trocar o dinheiro nas suas bancadas: somos os únicos turistas ocidentais e todos eles querem os nossos euros... confesso que me senti uma vedeta! Optamos por efectuar o câmbio em balcões diferentes: assim fazemos dois operadores felizes (o valor para câmbio era o mesmo em todos os balcões).



1 euro vale 64 rupias, por isso vejam bem o montão de notas que trouxe por trocar € 380,00: a true slumdog millionaire!!! Esperamos no banco de aeroporto pelas 5h30 da manhã, altura em que rumaremos à estação de comboio Victoria Terminus para comprar o bilhete para o comboio para Goa, que sai às 6h30... confesso que estou a ficar um bocado farto de bancos de aeroporto.

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

22 de Julho - "You must go on that plane"


Às 18h fui buscar o Phill, que ainda estava um bocado atrapalhado com a divisão de bagagem pelas duas mochilas. O meu dia também não foi fácil: uma correria para despachar a papelada do escritório que teimava em surgir, fazer a mala de forma minimamente racional e sem deixar nada esquecido, arrumar a confusão de presentes e postais (fiz anos na véspera) e organizar a documentação a deixar em Portugal caso houvesse algum problema.


Chegamos ao aeroporto de Lisboa, fazemos o check-in e tentamos demonstrar uma calma inexistente (estávamos a caminho de um mês na Índia, caramba!!!)… Chegamos a Gatwick por volta das 22h30, recolhemos a bagagem e vamos comprar o blihete do expresso para Heathrow (onde pernoitaremos até ao dia seguinte). O autocarro é à 1h30 da manhã, pelo que esperamos um pouco no aeroporto. Aí conhecemos um indivíduo com aspecto duvidoso - imigrante portugês - que queria saber como íamos para Heathrow (não acreditou que tivéssemos comprado um bilhete de expresso e achava que estávamos a planear ir à boleia para lá… pelos vistos queria companheiros de boleia).
Lá apanhamos o autocarro e chegamos a Heathrow. Encostamos as mochilas a um sítio que nos pareceu mais sossegado e preparamo-nos para enfrentar a noite.