segunda-feira, 26 de outubro de 2009

2 de Agosto - The Varanasi Tour

Depois de um sono longo e reparador (tomámos uns comprimidos para dormir uma vez que o cansaço nos estava a dificultar a possibilidade de um sono descansado), fomos dar uma volta pelos Ghats à beira do Ganges.

Estávamos ao cimo do Ghat principal, onde se cremam corpos durante todo o dia e noite, quando o Phill resolve fotografar o Ganges. Ora, o pessoal que ali estava achou que ele estava a fotografar a cremação (o que é proibido) e de imediato fomos interpelados por um bando de rapazes com ar de poucos amigos que não paravam de reclamar com o Phill e que nos queriam levar para sabe-se lá onde. Saímos dali a correr e descemos para a beira do rio.

Durante o resto da nossa estadia em Varanasi fomos sendo interpelados por um outro par de rapazes que assistiram à cena da manhã e que nos acusavam de profanar um acto religioso (cheguei a ver o caso mal parado quando um novo bando nos rodeou, impossibilitando de sair dali, e disse que ia chamar o chefe deles): por fim, o Phill conseguiu pôr cobro àquela loucura e disse que não tinha fotografado prática religiosa nenhuma e que não percebia como é que a religião deles, sendo tão apologista da tolerância os levava a ser tão violentos e desrespeitadores (na verdade, o que eles queriam era que lhes déssemos dinheiro para nos deixarem em paz)… enfim, tudo se resolveu com amaeaça de chamar a polícia.

No resto da manhã ainda conhecemos o responsável por um dos Ghats que nos proporcionou uma explicação formidável sobre o ritual das cremações e se revelou um anfitrião excelente (o fulano já dizia que era meu irmão e tudo…). Depois da manhã agitada, lá regressámos ao hotel para partirmos para a visita guiada pelos becos e templos hindus de Varanasi.

Confesso que foi maravilhoso entrar naqueles templos (onde, acima de tudo, se adora o falo – ou “Lingam” – de Shiva) e ver os rituais, as cores, conhecer o panteão de deuses hindus (muito por alto), sem ter medo de praticar mais algum acto profano , graças à presença e instruções do nosso guia…

Ora, o nosso guia merece uma referência mais alongada: era um senhor muito afável e simpático com ar de paizinho de família mas que passou o tempo todo a falar de sexo: como no Ocidente era tudo mais liberal, como as pessoas faziam sexo constantemente como pessoas diferentes, como os rapazes emprestavam as respectivas namoradas uns aos outros sem ninguém se chatear e por aí fora…

Lá acabei por lhe explicar que a realidade é bocadinho diferente desse panorama mas acho que ele não ficou muito convencido… Ainda explicou como o cinema pornográfico tinha conhecido um “boom” (até desviou o nosso percurso dos templos hindus para nos mostrar um cinema pornográfico e tudo, LOL!) e queria levar-nos a comprar filmes pornográficos na candonga: enfim, foi uma tarde enriquecedora.

Para concluirmos o passeio o guia levou-nos ao armazém de um amigo que exporta peças de seda para as grandes casas de moda europeias (a seda de Varanasi é conhecida pela sua qualidade). Confesso que foi LINDO: dei por mim estendido num colchão a beber chá coberto de lenços de seda com os padrões mais arrebatadores que alguma vez vi (até aprendi a fazer o teste para reconhecer seda verdadeira e tudo): saímos de lá fascinados.

Regressámos para o Hotel, de onde partimos para o passeio de barco pelo Ganges ao anoitecer: foi um espectáculo de luz, cor, som e espiritualidade (até fizemos uma oferta ao Ganges e tudo!).
Voltámos ao Hotel e fomos dormir, partilhando o nosso quarto com o par de osgas que ali se instalou (estávamos tão cansados que nem fomos jantar).
("Scindia Ghat", o Ghat que se encontrava em frente ao nosso Hotel... foi mandado construir com dimensões tão imponentes que não se susteve e ruiu no Ganges)

(estátua da deusa Kali, numa das vielas de Varanasi)

(rua de Varanasi)

(búfalos a preguiçar no Ganges)

(prédio em Varanasi... reparem nos andaimes)

(Missionárias da Caridade de Varanasi)

(Gansos no Ganges)

(Nandi, o boi sagrado e fiel companheiro de Shiva)

(o Falo de Shiva, devidamente enfeitado para os devotos do sexo masculino lhe afagarem a cabeça)

(portão do Templo Dourado, Varanasi)

(Templo Dourado, Varanasi)

(interior do Templo Dourado, Varanasi)

(imagem de Krishna, Varanasi)

(imagem de Ganesh, Templo Dourado)

(mulheres em oração no Templo Dourado, Varanasi)

(interior da cúpula do Templo Dourado, Varanasi)

(venda de flores para oferta, Varanasi)

(edifício de um cinema pornográfico em Varanasi... no comments, LOL!)

(ofertas a flutuarem no Ganges)

(Varanasi vista do Ganges)

(Varanasi vista do Ganges)

(a nossa oferta para o Ganges...)

(Espectáculo do Fogo, visto do nosso barco, no Ganges)

(uma das nossas companheiras de quarto)

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Dia 1 de Agosto - A chegada a Varanasi (Caos outra vez)

O despertar numa carruagem de comboio indiano assemelha-se ao despertar de uma grande família na mesma casa: tudo a bocejar e espreguiçar-se ao lado uns dos outros e depois a fila para ir à casa de banho com a escova e pasta de dentes na mão (casa de banho essa que estava bem suja, por sinal).

O comboio fez uma paragem inesperada e chegámos a Varanasi com 2 horas de atraso. Fomos de imediato comprar o bilhete para Jaipur e tivemos o nosso primeiro contratempo: só havia vagas para dali a dois dias, o que levou a que tivéssemos que prolongar a nossa estadia em Varanasi por mais tempo do que o programado.

Apanhámos um riquexó, cujo condutor nos informou de imediato que não nos podia levar ao Hotel por o mesmo se encontrar na parte antiga da cidade (onde não são permitidos veículos), pelo que nos deixaria o mais perto possível e depois teríamos que seguir a pé.

Basicamente, o que ele fez foi deixar-nos sozinhos com a bagagem toda no meio da rua principal e dar às de Vila Diogo.

Para quem não conhece Varanasi, as ruas históricas por detrás dos Ghats são 5 vezes mais estreitas do que as vielas da Mouraria e num número 100 vezes maior. Resultado: passámos horas perdidos por entre becos e vielas partilhados por vacas, cabras, bosta, vendedores, burlões e malta que nos oferecia haxixe a cada passo… perto desta malta de Varanasi todos os burlões dos locais por onde passámos antes são meninos de coro.

Ao fim de algumas horas, coberto de suor e cansaço e farto de carregar com as mochilas, lá demos com o almejado hotel!

Marcámos na recepção uma excursão para o dia seguinte, um passeio de barco para ver o anoitecer no Ganges e um outro para ver o amanhecer no dia posterior a esse.

Depois veio o duche, uma tarde de sono e jantar bem agradável num restaurante ali perto. Entretanto, o Dono do Hotel recomendou-nos que mantivéssemos as janelas e a porta da varanda (sim, que o nosso quarto tinha uma varanda soberba sobre o Ganges!) bem fechadas: há por ali perto muitos macacos que têm o hábito de entrar nos quartos e roubar as coisas ou então espalhá-las todas.

Por fim, o sono merecido.

(a malta preguiçar de manhã no comboio)

(vista da minha "prateleira"... entre as duas mochilas e o pouco espaço do meu cantinho acabei por ficar com a coluna em forma de 8)

(vista da varanda do nosso quarto: o Ganges e uma pira onde são queimados corpos 24h por dia... sim, o cheirinho era muito bom)

terça-feira, 20 de outubro de 2009

31 de Julho - Devia ser sexta-feira em Agra todos os dias

Acordámos às 9h (todos partidos), tomámos banho a correr e fizemos as malas num ápice, de forma a efectuarmos o “check-out” a tempo. Entretanto, apareceu o “Lucky”: dissemos-lhe que queríamos tomar o pequeno-almoço com calma no hotel e que, depois, teríamos uma conversa séria com ele sobre os eventos do dia anterior.

Já de pequeno-almoço tomado, resolvemos falar então com o nosso amigo. O acordo era o Phill resmungar com ele e eu, por ser mais brando, ficar caladinho. No entanto, como vi que o Phill estava a ser, ao contrário do esperado, muito “soft”, assumi as rédeas da discussão e ralhei, ralhei, ralhei, usando com toda a frequência possível as palavras “polícia” e “embaixada”, enquanto o repreendia por se ter metido nos copos na noite antes de nos ir levar na excursão, por nos ter arranjado um guia que não falava inglês e por nos ter metido num carro sem um pneu sobresselente capaz.

Bem, no fim disto tudo, mantivemos o acordo com ele de nos levar a Fatepur e ainda conseguimos um bom desconto na totalidade das excursões. Um apontamento para o apelo do “Lucky” que, a caminho do carro me pediu que não fizesse um ar tão severo porque não ia aguentar fazer a viagem num ambiente de cortar à faca (confesso que, face à espontaneidade do moço, arrumei o assunto logo ali).

Uma vez chegados a Fatepur Sikri, o “Lucky” arranjou-nos uma carroça que nos levou até ao complexo dos monumentos (a cidade foi mandada construir pelo Imperador Akbar, amante da filosofia, para aí residirem os sábios do reino e, após a sua morte, foi votada ao abandono devido à falta de água e número elevado de doenças que a assolavam frequentemente).

Aí chegados enfrentámos a subida pelas escadarias debaixo de um calor infernal: o acesso faz-se pela mesma entrada para a mesquita, que estava repleta de muçulmanos por ser sexta-feira.

À entrada fomos abordados por um rapaz que nos disse que como vamos entrar na mesquita teremos que deixar os sapatos à entrada: o Phill ignorou-o mas eu perguntei onde é que os poderia deixar em segurança. Foi o pior que podia ter feito…

O puto nunca mais me largava e dizia que nunca poderia entrar na mesquita sem ele porque facilmente praticaria um acto profano para o Islão. Digo-lhe que não quero guias mas ele insiste que sem ele não posso entrar: respondo-lhe que então não quero ir à mesquita e que vou directamente para o complexo de monumentos.

Saio do recinto da mesquita, agarro nos sapatos e o rapaz vem ter comigo, explicando-me que para ir para as ruínas tenho que entrar obrigatoriamente no complexo da mesquita. Encurralado naquele beco sem saída e cansado de dias e dias de assedia daqueles burlões, tenho o meu momento de quebra e sento-me no chão com a cabeça por baixo dos braços cruzados, até que aquelas melgas se vão embora.

Apesar dos esforços do Phill o rapaz não vai embora e não há ali polícia ou segurança a quem recorrer. Às tantas, vendo-me ali sentado no meio do átrio com a cabeça debaixo dos braços e com o rapaz ali às voltas, aproximou-se um homem que acabou por enxotar o pequeno vigarista… claro que não o fez sem a seguir me oferecer os seus serviços de guia. No entanto, este foi mais fácil de enxotar com dois berros.

Chegados ao interior do complexo, confesso que o stress acumulado me retirou a paciência para apreciar devidamente este exemplar perfeito da arte mogol ao serviço de um imperador apaixonado pelo debate e pelo saber.

Entretanto, os putos não largavam. É incrível: olhavam para nós e de imediato nos interpelavam em espanhol ou italiano (parece que no Norte da Índia ninguém sabe o que é Portugal). Este facto tornou-se bastante útil quando tive que afastar mais dois burlões: fi-lo com um par de frases em português (cujo teor não reproduzo por decoro), o que os deixou meio confusos.

Regressámos ao Hotel, despedimo-nos do “Lucky” e passámos o resto da tarde no terraço a escutar o canto dos pássaros e o grito dos pavões. Como é sexta-feira, a maioria das lojas estão fechadas nesta cidade maioritariamente muçulmana, o que amplifica a calma que se sente naquela tarde.

Comemos e bebemos e, quando vem a conta do hotel traz anexo um bilhetinho ("YOU ARE GOOD")… estou a ver que a malta indiana é dada à malandragem.

Rumámos à estação, onde travámos conhecimento com um casal de Singapura que também andava perdido naquela grande confusão que é a Índia. Entramos no comboio nocturno para Varanasi (esperam-nos 12 horas de viagem) e partilhamos o sono com os indianos que se apinham pelas camas acima. Nesta noite a minha coluna tomou a forma de um oito.

(de carroça a caminho de Fatepur)

(escadarias e entrada de Fatepur Sikri)

(entrada para a mesquita... não se querem cabrinhas ali)


(o recinto da mesquita)

(entrada do complexo)

(pavilhão no centro de um tanque - Fatepur Sikri)

(um dos muitos edifícios da cidade abandonada)

(pormenor de uma coluna de um dos edifícios)

(pormenor de uma coluna de um dos edifícios)

(carroças puxadas por... camelos!?!)

(terraço do Hotel Sheila - Agra)

(o bilhete... quem diz que o flirt à indiana não tem glamour? LOL!)

(a bela da Kofta)

(... seguida de um arroz doce "à la indiana")

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

30 de Julho - sexo e pneus furados

O “Lucky” apareceu à porta do hotel às 5h e encaminhou-nos ao táxi, onde nos esperava um amigo dele. Aí chegados diz-nos que a na noite anterior foi para os copos até às tantas e que não teve tempo para descansar ou ressacar e que, por isso, é o amigo dele que nos vai levar a Khajurao (a viagem dura 8 horas para cada lado).

Metemo-nos ao caminho e após 8 horas por estradas mal amanhadas lá chegámos e fomos almoçar de imediato a um restaurantezinho simpático com terraço sobre o complexo de templos.

De seguida fomos visitar as construções: soberbo! Quando os Chandelas não estavam em guerra ocupavam o tempo a descobrir novas posições sexuais e é mesmo isso que orgulhosamente exibiram nas suas construções. Uma note para os tons de ocre que os templos adquirem com o pôr-do-sol: lindo, mesmo…

Às 18h entrámos no carro para iniciar uma viagem que supostamente terminaria às 2h da manhã. Já noite cerrada, e a meio do caminho, sentimos o carro abrandar: tínhamos um pneu furado. E assim, em plena noite e no meio de nenhures, saímos do carro e observámos as lides mecânicas.

Devia ser a primeira vez que o nosso guia trocava um pneu tendo em conta o manifesto pouco à vontade com essa arte. Um ponto extra para o momento em que elevou o macaco ao máximo e o carro lhe “escorregou” das mãos: tinha-se esquecido de travar o veículo!

Assim que ele substituiu o pneu percebemos que o pneu sobresselente ainda estava em pior estado, pelo que fomos a passo de caracol durante uns 10 minutos até à aldeia mais próxima. Uma vez na aldeia, o nosso guia foi de mota com um rapaz até Gwalior, que fica a uns 100km do sítio onde nos encontrávamos, para ver se encontrava um pneu em melhores condições.

Resolvemos ficar os dois no carro a dormir no banco de trás e com os vidros abertos, de forma a tentar suportar o calor infernal que se fazia sentir: uma excelente oportunidade para sermos devorados por mosquitos durante 3 horas!

Entretanto, após uma ausência de 3 horas, regressa o nosso guia e troca o pneu. Lá seguimos para casa (muito lentamente, que haviam inúmeras vacas a dormir no meio das estradas).

Chegámos ao Hotel às 6h e tínhamos o check out às 10h… Para além disso, o "Lucky" ia buscar-nos às 10h30 para nos levar às ruínas de Fatepur Sikri. Fomos dormir o quanto antes.

(Khajurao)
(assim é que é bom - pormenor de um templo em Khajurao)

(diz que assim também não é mau)
(um dos templos principais)

(eu não sei como é que eles não partiam o pescoço)

(um dos pátios principais do complexo de Khajurao)

(vai uma mãozinha?)

(lindo...)

(e agora algo mais convencional)

(...ou não)

(Khajurao)

(um dos templos)

(viagem de regresso a Agra... ainda com sol e com os pneus em forma)

(viagem de regresso a Agra)

(the indian look)