quarta-feira, 7 de outubro de 2009

28 de Julho - Delhi (entre o esplendor do passado e a miséria do presente)

Acordámos gelados: não conseguimos desligar o ar condicionado, que passou a noite toda ligado no modo "vamos gelar estes cabr**s". Para além disso, havia uma celebração qualquer num sítio ali perto e a barulheira dos tambores e da música não nos deixou dormir, assim como a sensação de que o mundo ia desabar com a monção que se tinha abatido sobre Delhi.

Descobrimos que não havia água quente e expusemos a situação ao fulano que tomava conta da chafrica, apenas para levarmos a resposta "não precisam de água quente para nada: está muito calor"... surpreendi-me: descobri que até sou um gajo todo Zen quando, em vez de estourar, passei a rir-me com as saídas deste pessoal.

Saímos para a rua em direcção à estação, a fim de comprarmos os bilhetes para Agra no comboio da manhã seguinte. Pelo caminho vimos uma Delhi que nos fez perceber que, de facto, não queríamos ficar ali mais do que o indispensável: tirando as áreas governamentais foram poucas as zonas onde se podia ver construções preservadas: a cidade revelou-se um amontoado de escombros e miséria.

Como sempre, um sem número de esquemas para nos sacarem dinheiro: ao chegar à estação um gajo aborda-nos e diz que o gabinete de apoio aos turistas está fechado e que teremos que ir com ele comprar os bilhetes noutro balcão: nesta fase do campeonato já sabemos que o melhor a fazer é mandar-lhes dois berros e ameaçar com a polícia (pá, também não se pode levar o Zen assim tão a sério…).

Já com os bilhetes comprados, voltamos a mergulhar num espectáculo de miséria, fedor, fezes, lixo, pedintes e amputados de todas as formas e feitios. É uma sensação estranha: por um lado este cenário esmagador e por outro lado a beleza e serenidade do Raj Ghat, do Forte Vermelho com os seus jardins e pavilhões, as cúpulas majestosas da Jama Masjid e todo o testemunho histórico da luta política deste grande país que podemos encontrar nos mais variados monumentos.

Confesso que, como obcecado que sou pela política deste país, VIBREI com a visita ao local onde foi queimado Gandhi (gostei do respeito que este povo ainda manifesta por esse grande líder: um monumento repleto de simplicidade, mas onde nos sentimos esmagados pela imponência da serenidade e do silêncio) e com a visita aos locais onde foram queimados os membros da Dinastia Gandhi: Nehru, Indira, Sanjay e Rajiv… cada memorial reflectia de forma leal a relação do povo com cada um destes líderes (à magnificência dos memoriais de Nehru ou Rajiv, contrastava a simplicidade do de Indira e Sanjay).

A parte da tarde foi passada com a visita à Casa Museu Indira Gandhi, onde pudemos acompanhar o percurso desta mulher tão polémica que, a dado momento, encarnou a própria Índia e onde se pode ver o percurso que fez no seu último dia, parando no local onde foi metralhada, devidamente assinalado com um percurso de cristais interrompido por uma mancha vermelha. Também foi possível ver os farrapos que restaram da roupa que Rajiv trazia vestido quando foi abraçado pela mulher-bombista dos Tigres Tâmiles.

Um outro momento alto foi a visita ao Gandhi Smriti, ou Birla House, onde Gandhi passou os últimos 144 dias da sua vida e onde foi assassinado: a história está tão presente nestes espaços…

Para finalizar o dia rumámos à India Gate, onde se dirigem as famílias de classe média para passear e preguiçar nos relvados (é o Jardim de Belém ali do sítio) e onde pudemos lambuzar com um cornetto indiano, também estendidos no relvado do Rajpath.

Jantámos, regressámos ao hotel, tratámos das malas e fomos dormir.

(monumento no local onde Gandhi foi cremado)

(monumento no local onde Rajiv Gandhi foi cremado)

(monumento no local onde Sanjay e Indira Gandhi foram cremados)

("Floresta da Paz" inundada pela monção)

(monumento assinalando o local da cremação de Nehru)

(trânsito em Delhi)

(Red Fort - Delhi)

(Red Fort - Delhi)

(pavilhão no Red Fort)

(pavilhão - sala do trono, Red Fort)

(pavilhão do Red Fort... com um esquilo!)

(pavilhão no Red Fort)
(pavilhão no lago, jardins do Red Fort)

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