sábado, 18 de julho de 2009

Just for the record...

... tomei o primeiro comprimido para a malária há 2 dias e nada de efeitos secundários :)

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Um mini-micro-reduzido roteiro cinéfilo-literário


Hoje vou deixar aqui uma lista de filmes e livros que me parecem indispensáveis para conhecer o destino desta aventura:

FILMES

"Gandhi", de David Atenborough - um clássico sobre este grande homem (já vi);

"Monsoon Wedding", de Mira Nair - criação desta grande realizadora galardoada com o "Golden Camera" em Cannes para "Salaam Bombay", que também lhe mereceu uma nomeação para melhor filme estrangeiro (este está lá em casa, emprestado pelo Phil, e tem que ser visto antes da partida... afinal, sempre será uma viagem em plena monção!);

"Salaam Bombay" e "The Namesake", de Mira Nair - o primeiro sobre as condições de pobreza das crianças em Bombaim e o segundo sobre a importância das origens no desenvolvimento da personalidade (não vi nenhum deles... o Phil emprestou-me o segundo e vou tentar vê-lo também antes de partir);

"Water", de Deepa Metha - EXCELENTE! Um dos meus filmes favoritos... Um romance lindíssimo que tem como pano de fundo a situação das viúvas na Índia (já vi, pois claro!);

"Earth" e "Fire", de Deepa Metha - parte da trilogia em que se inclui "Water": o primeiro sobre a partição da Índia aquando a independência e o segundo sobre o envolvimento entre 2 mulheres na conservadora sociedade indiana (a ver, definitivamente... quando regressar, pois claro!);

"Slumdog millionaire", de Danny Boyle e Loveleen Tandan - este não precisa de apresentações pois não? O grande vencedor dos Óscares (já vi);


LIVROS

"Os Filhos da Meia-Noite", de Salman Rushdie - um livro arrebatador escrito por este laureado com o Nobel da Literatura, onde podemos encontrar uma forte influência do realismo mágico (assim uma espécie de García Marquez asiático): está entre os meus livros de eleição (já li);

"O Deus das Pequenas Coisas", de Arundhati Roy - vencedor do Booker Prize de 1997, um espectacular romance sobre as experiências da infância de 2 gémeos e a forma como as pequenas coisas influenciam e afectam os comportamentos e personalidade das pessoas (já li);

"A Herança do Vazio", de Kiran Desai - vencedor do Booker Prize de 2006, trata-se de um romance sobre as migrações e a experiência de viver entre dois mundos (não li, mas planeio fazê-lo depois de voltar);

"O Tigre Branco", de Aravind Adiga - vencedor do Booker Prize de 2008, incide sobre o papel da Índia como potência económica emergente, contrastando-o com o personagem principal, oriundo de um meio rural de extrema pobreza (a ler no avião);

"O Sari Vermelho", de Javier Moro - um relato apaixonante que vai muito mais além da biografia de Sónia Gandhi, a italiana que, ao casar com Rajiv Gandhi, ingressou na poderosa dinastia Nehru-Gandhi. O livro é uma viagem ao contexto político, económico e social da segunda metade do Séc. XX na Índia, prendendo-nos às vidas apaixonantes de figuras históricas como Nehru, Indhira Gandhi ou Rajiv Gandhi (estou a ler e estou a adorar cada parágrafo!).

terça-feira, 14 de julho de 2009

Poesia com sabor a canela...

Hoje falamos sobre poesia. No masculino e no feminino.
NO MASCULINO
Começamos por Rabindranath Tagore, o autor de "Jana Gana Mana", que mencionei no último post.
R. Tagore (1861-1941) nasceu em Calcutá, na Índia Britânica. Licenciou-se em Direito em Inglaterra em 1880 e regressou à Índia 10 anos mais tarde para administrar as propriedades da família. Veio a tornar-se uma figura cimeira no panorama artístico indiano, nos campos da poesia, prosa e música.
A sua obra poética compreende uma coleção de três mil poemas em língua bengali sobre temas religiosos, políticos e sociais, enquanto a sua obra em prosa reúne 8 romances e 50 ensaios e contos. Como músico, compôs cerca de duas mil canções.
No entanto, o autor não se limitou a uma vida de contemplação e produção artísticas, tendo-se comprometido e colaborado no Movimento Independentista liderado por Gandhi, de quem era amigo.
Agraciado com o Prémio Nobel da Literatura em 1913 (foi o primeiro autor asiático a receber este galardão), renunciou ao mesmo em 1919, como forma de protesto contra a política britânica na Índia.

When I go Alone at Night

When I go alone at night to my love-tryst, birds do not sing, the wind does not stir, the
houses on both sides of the street stand silent.
It is my own anklets that grow loud at every step and I am ashamed.


When I sit on my balcony and listen for his footsteps, leaves do not rustle on the trees,
and the water is still in the river like the sword on the knees of a sentry fallen asleep.
It is my own heart that beats wildly -- I do not know how to quiet it.


When my love comes and sits by my side, when my body trembles and my eyelids
droop, the night darkens, the wind blows out the lamp, and the clouds draw veils over
the stars.

It is the jewel at my own breast that shines and gives light. I do not know how to hide it.

R. Tagore, The Gardener (1913)



NO FEMININO
Sarojini Naidu (1879-1949) nasceu em Hyderabad, na Índia Britânica. Criança prodígio, matriculou-se na Universidade de Madras com 12 anos de idade. Em 1985 viajou para Inglaterra, onde continuou os seus estudos no King's College, em Londres, e em Girton College, em Cambridge.
Em 1905 publica o primeiro volume de poemas, "The Golden Threshold". Com o tempo a sua poesia adquire tal notoriedade que Sarojini passará a ser carinhosamente tratada por todos os indianos como "Bharatiya Kokila", o "Rouxinol da Índia".
Nesse mesmo ano junta-se ao Movimento Independentista liderado por Gandhi, de quem se torna braço direito e grande amiga, e a quem alcunharia carinhosamente de "Mickey Mouse". Os seus discursos sobre nacionalismo, emancipação das mulheres, dignidade do trabalho e cuidados de saúde estendem-se por todo o sub-continente inflamando multidões.
Apesar da sua adesão aos ideiais de Gandhi, assumiu que nunca seria capaz de pôr de lado a sua vaidade e abdicar dos vistosos saris que constituiam a sua imagem de marca e que contrastavam com os alvos tecidos que envergavam os seguidores do Mahatma, tecidos por eles mesmos.
Em 1930 viria a liderar a Marcha do Sal, após Gandhi e outros activistas terem sido presos pelos britânicos. Poucos dias depois ela própria seria encarcerada, sendo libertada apenas após alguns meses.
Em Agosto de 1947, com a independência da Índia, Naidu viria a tornar-se Governadora do Estado do Uttar Pradesh (sendo a primeira mulher a ocupar o cargo de governadora), vindo a falecer 2 anos depois.




Song of a Dream

Once in the dream of a night I stood
Lone in the light of a magical wood,
Soul-deep in visions that poppy-like sprang;
And spirits of Truth were the birds that sang,
And spirits of Love were the stars that glowed,
And spirits of Peace were the streams that flowed
In that magical wood in the land of sleep.


Lone in the light of that magical grove,
I felt the stars of the spirits of Love
Gather and gleam round my delicate youth,
And I heard the song of the spirits of Truth;
To quench my longing I bent me low
By the streams of the spirits of Peace that flow
In that magical wood in the land of sleep.

S. Naidu, The Golden Treshold, 1905

(Naidu com Gandhi, na Marcha do Sal)


segunda-feira, 13 de julho de 2009

JANA GANA MANA


Lindíssimo.

Não há outra palavra para descrever o hino... tanto na letra como na melodia.

Composto por Rabindranath Tagore, escritor indiano laureado com o Prémio Nobel da Literatura, por ocasião da aclamação de Jorge V como imperador da Índia em 1911, o hino é uma homenagem ao Senhor de todas as mentes, cujo nome ecoa por toda a Índia.

A versão em Português:

Sois o governador das mentes de todas as pessoas,
Preparador do destino da Índia.
O Vosso nome inflama os corações do Punjab, Sindh,
Gujarat e Maratha,
De Dravida e Orissa e Bengala;
Ecoa nas colinas de Vindhya e do Himalaia,
mescla-se na música de Jamuna e do Ganges e é
entoado pelas ondas do oceano Índico.
Eles oram por vossas bençãos e cantam em vosso louvor.
A salvação de todas as pessoas espera em vossa mão,
Vós, preparador do destino da Índia.
Vitória, vitória, vitória a vós.

A polémica:

Quando o poema foi escolhido para Hino Nacional houve alguma contestação, na medida em que se entendeu que o Hino da Índia independente e soberana não deveria ser um poema escrito em homenagem a um monarca inglês.

Ora, nas palavras do próprio autor, o Senhor de todas as mentes referido do poema, não foi nem nunca poderia ser Jorge V ou qualquer outro monarca britânico, na medida em que o poema se refere a Bhagya Vidhata, Deus do Destino da Índia.
Polémicas de parte, é, sem dúvida, uma composição de inefável beleza...

Aqui fica uma versão cantada por algumas personalidades indianas ligadas ao mundo artístico daquele País, composta por ocasião dos 50 anos da sua independência:




quinta-feira, 9 de julho de 2009

Pintura #1 - The amazing Singh Sisters

Hoje não vamos falar de preparativos. Vamos falar do destino da viagem.


Podia fazer um post sobre o Taj Mahal, Goa, ou sobre o Mahatma Gandhi. Mas não. A Índia é muito mais que esses clichés e, por isso, optei por falar daquilo que de novo nos vem de lá. Se é verdade que a Índia é um dos 4 principais países emergentes do mundo, juntamente com a China, Rússia e Brasil, a verdade é que esse sopro de crescimento e inovação se estende para lá da economia e da tecnologia, chegando a outras áreas como as artes.


Já ouviram falar das Irmãs Singh? Não, não são nenhuma dupla da POP Music.

(Irmãs Singh)

Amrit e Rabindrah Singh são duas irmãs gémeas pintoras que aplicam as técnicas tradicionais indianas de pintura para produzirem obras de arte vibrantes e luxuosamente detalhadas. O mais engraçado é que algumas obras são produzidas individualmente mas outras são o resultado do trabalho conjunto das duas irmãs.




(Rabindra Singh, "Raining in My Heart (Longing)", 2003)

A fusão entre a influência asiática e ocidental, assim como o interesse de ambas na iconografia global originaram uma sobreposição fascinante na obra das irmãs Singh. Essa fusão é um reflexo da dualidade da sua indentidade cultural e é um excelente veículo de análise política e social.

(Amrit Singh, "Steppin' Out With My Baby (My Donna)", 2003)



quarta-feira, 8 de julho de 2009

Diz que vai chover...



Quando pensámos em agendar a viagem, fizemo-lo partindo do pressuposto que as monções começam em finais de Agosto... Porquê finais de Agosto? Bem, essa data deve ter surgido nas nossas cabeças por inspiração de Indra, deus das chuvas no Hinduísmo.


Na verdade, descobrimos no outro dia que vamos passar toda a viagem bem debaixo da monção (nem à frente nem atrás: é mesmo no meio dela, lol!): diz que em meados de Julho a monção já cobre todo o país, começando a acalmar em finais de Agosto (na altura em que nos vimos embora).


As boas notícias são que como há poucos turistas nesta altura é tudo muito mais barato. Ou seja, se não morrermos afogados "we can shop 'till we drop"!


Por outro lado, acredito que se nos conseguirmos adaptar poderemos conviver com a monção sem que isso cause grandes inconvenientes: é uma questão de passear (nadar) pelas ruas onde, apesar das cheias, ainda tenhamos pé...


Para mais informações:


terça-feira, 7 de julho de 2009

Mais um mail, mais um bilhete de avião (e está quaaaaaseeeeee)


Entretanto, no passado domingo, dia 5 de Julho, comprámos também as passagens que nos levarão de Lisboa a Londres e vice-versa...



Num registo bem mais calmo do que o mantido com a TerminalA, recebemos os dados da easyjet:



Partida: 22 Jul 2009
Lisboa Para Londres Gatwick (Terminal Sul )

part. 22 Jul 2009 20:00 cheg. 22 Jul 2009 22:35


Regresso: 21 Ago 2009
Londres Luton Para Lisboa

part. 21 Ago 2009 7:00 cheg. 21 Ago 2009 9:40



Temos, assim, uma noite de intervalo entre o vôo Lisboa-Londres e o vôo Londres-Mumbai, e vice-versa (sim, que a malta não quer cá surpresas!)...



Em falta: tratar do seguro de viagens, comprar alguns items para primeiros socorros e ver toda a questão da mala (mochila?), roupa e afins...

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Valha-me a divindidade hindu padroeira dos corredores e dos malucos



Após um mês de ausência, eis que regresso :)


Acabámos por não conseguir tratar de tudo no mesmo dia: as Senhoras do Instituto tinham a agenda muito cheia e fomos lá à hora de almoço no dia seguinte ao do visto. Entretanto, a data da partida aproxima-se e cá andamos nós numa correria desgraçada... aqui fica o ponto da situação:


VISTO

Chegada à embaixada às 8h da manhã e 1h30 de espera até às 9h30 (altura em que a embaixada abriu as portas). Fomos cedo para não apanhar muita gente à nossa frente na fila e, de facto, até as portas se abrirem tínhamos apenas 4 pessoas. No entanto, assim que as portas abriram... meus amigos aquilo parecia a largada de touros em Pamplona: largou tudo a correr pelo jardim até à parte do edifício onde se trata da papelada e quando cheguei ao guichet tinha uns 20 indianos à frente (não tinha mais porque entretanto apliquei o modus operandi vigente: pontapés e empurrões, lol!).

Enfim, € 50,00 depois saímos de lá com um papelinho e um raspanete por não levarmos já uma fotografia colada no impresso: 3 dias depois o visto estava pronto.


VACINAS

Não obstante o filme que foi para conseguir a consulta a um dia e hora que não implicassem estar a tirar mais um dia de férias lá fomos nós e que excelente atendimento tivemos nós: uma médica para lá de fenomenal escalpelizou o nosso histórico de saúde, os nossos boletins de vacinas e deu uma plêiade de conselhos relativos à estadia na Índia... Fiquei mesmo muito bem impressionado.

Uma enfermeira aviou-nos logo ali com a vacina da febre tifóide e depois deram-nos a receita para o reforço da Hepatite B, a vacina da Hepatite A e os comprimidos da malária. Também me avisaram que tinha a vacina do tétano atrasada (SÓ desde 2003, lololololol!) e que a deveria levar antes de ir para a Índia: vamos ver se ainda arranjo tempo para tratar disso...


TÃO POUCO TEMPO E TANTA COISA PARA FAZER!!!