terça-feira, 14 de julho de 2009

Poesia com sabor a canela...

Hoje falamos sobre poesia. No masculino e no feminino.
NO MASCULINO
Começamos por Rabindranath Tagore, o autor de "Jana Gana Mana", que mencionei no último post.
R. Tagore (1861-1941) nasceu em Calcutá, na Índia Britânica. Licenciou-se em Direito em Inglaterra em 1880 e regressou à Índia 10 anos mais tarde para administrar as propriedades da família. Veio a tornar-se uma figura cimeira no panorama artístico indiano, nos campos da poesia, prosa e música.
A sua obra poética compreende uma coleção de três mil poemas em língua bengali sobre temas religiosos, políticos e sociais, enquanto a sua obra em prosa reúne 8 romances e 50 ensaios e contos. Como músico, compôs cerca de duas mil canções.
No entanto, o autor não se limitou a uma vida de contemplação e produção artísticas, tendo-se comprometido e colaborado no Movimento Independentista liderado por Gandhi, de quem era amigo.
Agraciado com o Prémio Nobel da Literatura em 1913 (foi o primeiro autor asiático a receber este galardão), renunciou ao mesmo em 1919, como forma de protesto contra a política britânica na Índia.

When I go Alone at Night

When I go alone at night to my love-tryst, birds do not sing, the wind does not stir, the
houses on both sides of the street stand silent.
It is my own anklets that grow loud at every step and I am ashamed.


When I sit on my balcony and listen for his footsteps, leaves do not rustle on the trees,
and the water is still in the river like the sword on the knees of a sentry fallen asleep.
It is my own heart that beats wildly -- I do not know how to quiet it.


When my love comes and sits by my side, when my body trembles and my eyelids
droop, the night darkens, the wind blows out the lamp, and the clouds draw veils over
the stars.

It is the jewel at my own breast that shines and gives light. I do not know how to hide it.

R. Tagore, The Gardener (1913)



NO FEMININO
Sarojini Naidu (1879-1949) nasceu em Hyderabad, na Índia Britânica. Criança prodígio, matriculou-se na Universidade de Madras com 12 anos de idade. Em 1985 viajou para Inglaterra, onde continuou os seus estudos no King's College, em Londres, e em Girton College, em Cambridge.
Em 1905 publica o primeiro volume de poemas, "The Golden Threshold". Com o tempo a sua poesia adquire tal notoriedade que Sarojini passará a ser carinhosamente tratada por todos os indianos como "Bharatiya Kokila", o "Rouxinol da Índia".
Nesse mesmo ano junta-se ao Movimento Independentista liderado por Gandhi, de quem se torna braço direito e grande amiga, e a quem alcunharia carinhosamente de "Mickey Mouse". Os seus discursos sobre nacionalismo, emancipação das mulheres, dignidade do trabalho e cuidados de saúde estendem-se por todo o sub-continente inflamando multidões.
Apesar da sua adesão aos ideiais de Gandhi, assumiu que nunca seria capaz de pôr de lado a sua vaidade e abdicar dos vistosos saris que constituiam a sua imagem de marca e que contrastavam com os alvos tecidos que envergavam os seguidores do Mahatma, tecidos por eles mesmos.
Em 1930 viria a liderar a Marcha do Sal, após Gandhi e outros activistas terem sido presos pelos britânicos. Poucos dias depois ela própria seria encarcerada, sendo libertada apenas após alguns meses.
Em Agosto de 1947, com a independência da Índia, Naidu viria a tornar-se Governadora do Estado do Uttar Pradesh (sendo a primeira mulher a ocupar o cargo de governadora), vindo a falecer 2 anos depois.




Song of a Dream

Once in the dream of a night I stood
Lone in the light of a magical wood,
Soul-deep in visions that poppy-like sprang;
And spirits of Truth were the birds that sang,
And spirits of Love were the stars that glowed,
And spirits of Peace were the streams that flowed
In that magical wood in the land of sleep.


Lone in the light of that magical grove,
I felt the stars of the spirits of Love
Gather and gleam round my delicate youth,
And I heard the song of the spirits of Truth;
To quench my longing I bent me low
By the streams of the spirits of Peace that flow
In that magical wood in the land of sleep.

S. Naidu, The Golden Treshold, 1905

(Naidu com Gandhi, na Marcha do Sal)


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