terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

11 de Agosto - Atravessando o Tahar

Despertámos cedo. Vesti a indumentária que tinha comprado no dia anterior de propósito para levar para o deserto, coloquei o turbante (sim… tinha turbante e tudo!) e encaminhámo-nos para o Jeep.


Seguimos estrada fora até ao deserto e à medida que íamos avançando o alcatrão ia ficando coberto de areia: o Tahar reclamava o seu espaço. A dada altura o nosso motorista para no meio do nada e leva-nos junto de dois guias, que nos aguardavam com três camelos (eles iriam partilhar um): começava ali o nosso safari no deserto!


Uma vez em cima dos camelos, lá seguimos nós pelo Tahar adentro: areia, sol, uma outra aldeia perdida, rebanhos e pastores: enfim, um cenário lindo. Perto da hora de almoço parámos debaixo de umas árvores e fomos presenteados com um repasto do deserto, a que se seguiu uma merecida sesta. Uma vez despertados lá seguimos caminho.


A meio do percurso lá encontrámos um poço (onde estavam duas moças com um olhar onde parecia caber o deserto): ora, o meu camelo era o mais agressivo e estava constantemente a morder no do Phill quando ele se aproximava para beber água (o que não era muito confortável, tendo em conta que estávamos montados neles…). Como se isso não bastasse, assim que saciou a sede saiu dali a correr (comigo às costas), deixando o restante grupo para trás: só parou quando encontrou uma árvore com uns rebentos que lhe pareceram apelativos.


Uma vez recomposto o grupo encaminhámo-nos para as dunas (até então tinha estado na parte rochosa do Tahar, que é um deserto bem diferente do cliché do Sahara em termos geológicos). Assim que chegámos às dunas os guias começaram a preparar a fogueira e o espaço para as mantas onde nos iríamos deitar para passar a noite (não houve cá tenda para ninguém, que isso é para meninos), enquanto nós subimos a uma duna para ver aquele que foi o entardecer mais bonito que vi até hoje.


É mágico: experimentei pela primeira vez a sensação de silêncio absoluto… pode dizer-se que é um silêncio ensurdecedor.À medida que a noite se ia aproximando esse silêncio era cortado pelos rebanhos de regresso a casa, conduzidos por seus pastores… estar naquele cenário carmim, fechar os olhos, sentir a areia macia e ouvir ao fundo o ruído das cabras e dos seus chocalhos foi uma sensação inefável. Algo tão bonito e tão forte que senti vontade de parar aquele momento no tempo e deixar-me ficar assim, sossegado.


De seguida descemos para o acampamento, onde jantámos com os nossos guias. Depois estendemo-nos sobre as mantas e deixámo-nos ficar a contemplar o céu mais estrelado que já vi até hoje. Uma vez mais, em silêncio absoluto. E assim adormecemos.



(estrada de Jaisalmer para o deserto do Tahar)


(o deserto a invadir a estrada)


(um autocarro com que nos cruzámos pelo caminho... carregado de passageiros no tejadilho)


(os nossos camelos!)


(rebanho de cabras - deserto do Tahar)


(paragem para beber água)


(mulheres rajput a encherem os potes de água... sim, no mesmo sítio onde o camelo enfiou as patas)


(o camelo a esfregar-se na areia, assim que lhe retirámos a sela... pelos vistos aquilo faz comichão!)


(dunas no Tahar)


(menina rajput junto a um poço)




(idem)

(início da disposição do nosso acampamento)




(rebanho no deserto do Tahar)



(entardecer no Tahar)



(idem... lindo, não é?)



(escaravelho... haviam tantos!!!)



(pôr-do-sol no Tahar... as saudades...)





(preparação do jantar)

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